|
|
DENTISTA EXPRESSO Avalia a Saúde Bucal e seus Efeitos na Qualidade de Vida
Há mais de 2 décadas COHEN e JAGO perceberam a necessidade de desenvolver "indicadores sociodentários para avaliar os aspectos não clínicos das doenças bucais". 2 A saúde relacionada à qualidade de vida passa por um processo de construção multidimensional que avalia os aspectos subjetivos da saúde. 13 As múltiplas dimensões de saúde relacionadas à qualidade de vida e variam da função às oportunidades. Tratam-se de instrumentos novos, usados em levantamentos pilotos. Conceitualmente a efetividade foi sempre medida pelo número de serviços e tratamentos oferecidos ou necessidade de tratamentos necessários de serem feitos. A cárie dentária foi sempre medida em termos de dentes cariados, perdidos e obturados. Jamais perguntas básicas sobre o impacto da cultura na percepção da higiene oral adequada foram feitas quando pesquisou-se o CPOD. Nunca avaliou-se o impacto da cultura na percepção da higiene bucal adequada. Percebeu-se então a necessidade de incluir outros indicadores, além dos dentários, em estudos para avaliar o impacto do estado bucal do paciente sobre o seu dia a dia.
ICS
Alguns autores buscaram avaliar o impacto de medidas econômicas, as conseqüências sociais e psicológicas das doenças bucais, desordens e tratamentos.14 Os conceitos de saúde e qualidade de vida são abstratos, apesar de que intuitivamente sabemos o que significam, mas mesmo assim são difíceis de definir. O que entendemos por saúde e qualidade de vida podem variar de acordo com o contexto social, cultural e político. 9 Definições de saúde e qualidade de vida necessariamente envolvem julgamentos pessoais (particulares) e sociais sobre o que é normal e estão altamente imbuídos de valores. 3 Há uma forte tendência em inserir o conceito da qualidade de vida relacionada à saúde e seu valor em medir e compreender a saúde bucal. O desenvolvimento de medidas que avaliem a saúde, tanto em Medicina quanto em Odontologia. Deve ser visto como parte de um paradigma dos cuidados em saúde no qual o modelo médico foi modificado, e talvez substituído pelo modelo de saúde sócio – ambiental. O modelo sócio – ambiental, nos dá base para a promoção da saúde na teoria e na prática, envolve uma mudança em nosso modo de pensar sobre o que é saúde e quais as estratégias necessárias para que ela ocorra. Nos últimos 20 anos o modelo médico tradicional está sendo substituído pelo modelo sócio – ambiental de saúde. Aqui saúde é definida não pela ausência de doença, mas por um bem estar social e psicológico, além do ótimo funcionamento. 7 Assim, como resultado, deixamos de enfocar a doença e passamos a enfocar a saúde, passamos da fase de curar a doença para prevenção e promoção à saúde, e da ênfase nos serviços de saúde para a ênfase no meio físico e social em que vivemos como maiores determinantes do estado de saúde. Assim o paciente transformou-se de um corpo para uma pessoa, assim maior significado é dado às experiências subjetivas e individuais e suas interpretações de saúde e doença. A boca é composta por diversas estruturas anatômicas que não podem ser saudáveis ou doentes. Apenas as pessoas é que podem, portanto as perguntas devem ser direcionadas ao indivíduo, não à boca ! Tanto a perda de dentes quanto o câncer bucal servem como exemplo para analisar a qualidade de vida. A perda de dentes foi examinada em relação aos custos econômicos, sociais, físicos e psicológicos. 15
As conseqüências do câncer bucal na qualidade de vida foram registradas em termos de desconforto, função, mobilidade, desfiguramento, custos econômicos, sociais e psicológicos e anos de vida perdidos. Indicadores epidemiológicos tradicionais não medem: - desconforto - dor de dente - dor - perda da auto estima - capacidade do indivíduo de executar tarefas e atividades - função. Vários índices apareceram em virtude dos modelos tradicionais de medidas de saúde, que falharam em avaliar os impactos da doença e serviços de saúde sobre o bem estar do indivíduo. Há um consenso crescente de que a saúde vai além das definições clínicas exclusivamente. E que deve ser incluída a avaliação sobre o bem estar, não sentir desconforto ou dor e efetivo funcionamento. Construíram um modelo de estado de saúde com 3 focos na saúde do indivíduo: a – físico – reflete o modelo médico tradicional. b – social – possibilidade de executar tarefas e vivenciar o dia a dia. c - psicológico – perspectiva de satisfação e alegria do indivíduo. Os indicadores clínicos são determinados pela vulnerabilidade enquanto que os elementos sociais são relacionados com o impacto social e psicológico que advém das doenças bucais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (qualidade de vida X saúde bucal) 1) ADULYANON, S.; VOURAPOKZARU, J.; SHEISHAM, A. Oral Impacts Affecting Daily Performance in a Low Dental Disease Thai Population. Community Dent Oral Epidemiology. 1996; 24: 385-9. 2) COHEN, L.; JAGO, J. Toward the Formulation of Sociodental Indicators. Int y Health Sem. 1976; 6: 681-7. 3) GIFT, H.; ATCHINSON, K. Oral Health, Health and Health Related Quality of Life. Medical Care. 1995; 33: NS57 – NS77. 4) HOLLISTER, M.C.; WEINTRAUB, J.A. The Association of Oral Status with Systematic Health, Quality of Life, and Economic Productivity. J. Dent Educ. 1993; 57 (12): 901-12. 5) LEAO, A.T.T.; SHEIHAM, A. The Development of Socio-Dental Measures of Dental Impacts on daily Living. Community Dent Health. 1995; 13: 22-6. 6) LEAO, A.T.T.; SHEIHAM, A. Relationship Between Clinical Dental Status and Subjective Impacts on Daily Living. J.Dent Res. 1995; 74(7): 1408-13. 7) LERNER, P.; LEVINE, S. Health related Quality of Life: origins, gaps and directions. Advances in Medical Sociology, 1994; 5: 43-65. 8) LOCKER, D.; SLADE, G. Oral Health and the Quality of Life Among Older Adults: the oral health impact profile. J Can Dent Assoc. 1993; 59(10): 830-44. 9) LOCKER, D. The Burden of Oral Disorders in a Population of Older Adults. Community Dent Health. 1992; 9: 109-24. 10) LOCKER, D.; GRUSHKA, M. Prevalence of Oral and Facial Pain and Discomfort Preliminary Results of a Mail Survey. Community Dent Oral Epidemiol. 1987; 15: 169-72. 11) LOCKER, D.; GRUSHKA, M. The Impact of Dental and Facial Pain. J Dent Res. 1987; 66: 1414-7. 12) LOCKER, D.; MILLER, Y. Evaluation of Subjective Oral Health Status Indicators. J Public Health Dent. 1994; 54(3): 167-76. 13) PATRICK, D.L.; ERICSSON, P. Health Status and Health Policy. Quality of Life in Health Care Evaluation and Resource Allocation. New York : Oxford University Press; 1993. 14) REISINE, S.; LOCKER, D. Social, Psychological and Economic Impacts of Oral Conditions and Treatments. In Cohen L.K., Gift H.C. (Eds) Disease Prevention and Oral Health Promotion: Socio – Dental Sciences in Action, Copenhagen: Munksgaard Press, 1995, pp 33-71. 15) SHEIHAM,A.; CROOG, S.H. The Psychosocial Impact ofDental Diseases in Individuals and Communities. J. Behan Med. 1981; 4 (3): 257-272. 16) SLADE, G.D.; SPENCER, A.J. Development and Evaluation of the Oral Health Impact Profile. Community Dent Health. 1994; 11: 3-11. 17) WOLINSKI, F.D.; WOLINSKI, S.R. Background Attitudinal and Behavioral Patterns of Individuals Occupying Eight Discrete Health States. Sociol. Health Illness, 1981; 3: 31-48.
|
|