DOENÇAS SISTÊMICAS COM MANIFESTAÇÕES BUCAIS

 

Há oportunidades em que o Cirurgião-Dentista poderá suspeitar que seu paciente é portador de alguma doença sistêmica. Baseando-se em sinais e sintomas bucais. Com certeza o diagnóstico precoce melhorará a qualidade de vida do paciente , que buscará o tratamento em fase inicial da doença. Citaremos apenas as mais comuns.

 

Anemias

 

 

Deficiência de glóbulos vermelhos e de hemoglobina é a característica das anemias. Embora existam numerosas formas de anemia, citaremos as mais comuns:

1.            Anemia ferropriva, que é devida à deficiência de ferro

2.            Anemia perniciosa, que é devida à deficiência do fator antianemia perniciosa (vitamina B12 ).

        

Anemia ferropriva: A anemia ferropriva é caracterizada por glóbulos vermelhos que são menores do que o normal (microcítica) e que têm pouca hemoglobina (hipocrômica). Pode ocorrer numa variedade de condições como gravidez, infância deficiências de nutrição e sangramento excessivo ou pode ser idiopática. Esta doença pode ser encontrada em todas as idades e em ambos os sexos. Clinicamente, os sintomas podem ser fadiga, palidez e fraqueza.

Na boca, podemos observar mucosa de cor rosa clara (pálida), na língua, dor na língua e ardência na mucosa bucal.

Anemia perniciosa: A anemia perniciosa está muitas vezes associada com lesões bucais. A língua é sensível, apresenta uma sensação de queimação e exibe atrofia de papilas. Por causa da inflamação, apresenta uma coloração vermelha, brilhante. Também podem ocorrer ulcerações.

 

 

Diabetes:

 

 

As manifestações bucais da diabete não controlada podem ser graves e consistem nas seguintes: destruição do osso de suporte dos dentes com lesões semelhantes às da periodontose, periodontite complexa, mobilidade e perda dos dentes, gengivite e gengiva dolorida, xerostomia às vezes, pulpite, ulcerações na membrana mucosa bucal, hálito com odor de acetona e diminuição da resistência tecidual, o que determina um acentuado retardamento na reparação dos tecidos bucais.

 

 

Hiperparatireoidismo (primário)

 

Como as lesões bucais estão geralmente presentes no hiperparatireoidismo e, em muitos casos podem preceder de meses todos os outros sintomas são de grande importância para o dentista. Consistem numa perda difusa nos ossos maxilares, mobilidade dentária, perda da lâmina dura e  lesões radiolúcidas centrais na maxila ou na mandíbula que, ao exame microscópico, se assemelham a lesão central de células gigantes.     

 

Sífilis:

 


A sífilis é D.S.T. causada por espiroqueta (Treponema pallidum).

A sífilis primária se apresenta depois de contato sexual com pessoa infectada. Consequentemente a lesão primária (cancro) está geralmente localizada nas áreas genitais, dedos, lábios e língua. O cancro aparece cerca de 3 semanas depois do contágio e começa com uma mácula que, progressivamente, se torna uma pápula e, em seguida uma úlcera. A úlcera tem bordas endurecidas. A localização mais comum da sífilis primária extra genital são os lábios. O lábio superior é afetado muito mais freqüentemente do que o inferior, e as lesões se localizam geralmente no terço médio do lábio.

As lesões da sífilis secundária começam cinco a seis semanas depois do aparecimento do cancro. Este estágio começa com dor de garganta, mal-estar, febre e, mais proeminentemente, uma erupção cutânea macular. As lesões bucais são múltiplas erosões acinzentadas na membrana mucosa que são denominadas placas mucosas. As placas mucosas podem ocorrer em qualquer área, não obstante, a língua, os lábios e as amígdalas são os locais mais comumente afetados. Embora tais lesões estejam geralmente associadas com a erupção cutânea, elas podem ser a única manifestação da sífilis secundária. São altamente infectantes.

Em caso de suspeita o C.D. pode solicitar o exame VDR ou encaminhar o paciente ao médico.

 

Actinomicose:

 




A  actinomicose é causada por fungos bacteriformes, o anaeróbio Actinomyces  israelii. Ocorre numa das três formas: cérvico-facial, abdominal ou pulmonar. A actinomicose cérvico-facial é a mais comum, compreendendo quase 50% de todos os casos.

A actinomicose cérvico-facial envolve a mandíbula e a porção superior do pescoço e supõe-se que resulte de algum traumatismo local como a extração de um dente (em geral terceiros molares) ou uma fratura. Isto proveria uma porta de entrada para os microorganismos que são habitantes normais da boca.

Clinicamente, a doença começa como uma tumefação na porção superior do pescoço, sob a orelha ou por sobre a mandíbula. A pele torna-se vermelha ou vermelho-azulada e tensa. Algumas zonas da pele se rompem e drenem pus que muitas vezes contém pequenos grânulos amarelados (grânulos de enxofre), cada um deles representando uma colônia de fungo. A fístula, que elimina pus sara, entretanto novas outras aparece e o processo de abertura e fechamento continua, até ser tratado com antibióticos.

 

Paracoccidiodomicose:

 

A paracoccidiodomicose é uma infecção por fungo causada pelo Paracoccidioides brasiliensis. Esta doença, ao contrário do tipo norte-americano, produz lesões bucais proeminentes que consiste em lesões inflamatórias

                                                                                       

granulomatosas, crônicas e progressivas dos lábios, bochechas, soalho da boca, língua e faringe. Inicia em geral com um quadro de doença periodontal, que não responde bem ao tratamento convencional.

 

Mononucleose infecciosa:

 

 

Esta doença é provavelmente causada pelo vírus de Epstein-Barr e ocorre mais freqüentemente na segunda e terceira décadas de vida. O período de incubação é de até cerca de 7 semanas. Os sintomas consistem em fadiga, dor de garganta, mal-estar, dor de cabeça, náusea, elevação da temperatura e aumento dos nódulos linfáticos cervicais. As lesões bucais podem ser a primeira manifestação da doença. Consistem múltiplas petéquias puntiformes na junção do palato duro com o palato mole. Acredita-se que em 80% dos pacientes, as lesões bucais apareçam 3 a 5 dias antes do avolumamento ganglionar.

 


 


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