DOENÇA PERIODONTAL EM SAÚDE PÚBLICA

 

 

 

            A situação da saúde da população brasileira apresenta quadro típico de país pobre, com maioria sujeita  a doenças que  ha 80 anos constituíram-se em problemas nos países desenvolvidos. Os problemas  cárie e doença periodontal não têm sido prioridade em Saúde Pública por não serem consideradas de maior morbidade, no quadro das doenças prevalentes.

 

Etiologia

            A doença periodontal , caracterizada por um processo inflamatório dos tecidos  periodontais. Foi identificada em todas as civilizações, desde o homem pré-histórico, até os dias atuais, não apresentando região ou raça que não tenha elevada prevalência.  Atualmente constitui um dos principais problemas de saúde bucal, devido não apenas à sua alta prevalência, mas sobretudo , pelo dano causado nas populações.  É altamente prevalente em várias partes do mundo, atingindo praticamente metade da população infantil e a maioria da população adulta, havendo uma forte associação entre higiene bucal e a ocorrência e severidade da doença periodontal. Segundo dados da OMS de 1986,  há uma  correlação positiva entre severidade da doença periodontal em relação à idade, sexo, raça, situação geográfica, vida urbana e rural, educação, alimentação e as diferenças quanto a higiene bucal.         

            Hoje, graças aos conhecimentos de epidemiologia, desenvolveram-se inúmeros estudos sobre doenças bucais em diferentes partes de mundo, o que tem contribuído para um melhor conhecimento dessas afecções  na sociedade. Assim é que a cárie dental como a doença periodontal constituem os dois principais problemas de saúde bucal, seguidos pelas deformidades dentofaciais (maloclusão), câncer oral, lesões de mucosa bucal e malformações congênitas (OMS, 1986).

            A placa bacteriana como principal fator etiológico da doença periodontal foi demonstrada, de forma inequívoca, no estudo clássico sobre gengivite experimental em humanos (Loe et al., 1965). Nesse estudo, partindo-se de um quadro clínico de gengiva saudável, o livre acúmulo de placa bacteriana na superfície dental, foi capaz de produzir gengivite em período de sete a vinte e um dias. Por outro lado, com a retomada regular e eficaz das medidas de higiene bucal, por parte do indivíduo, uma gengiva novamente saudável foi observada dentro de alguns dias.

            A odontologia como a Medicina está baseada num conjunto de conhecimentos científicos de natureza biológica e social que lhe conferem  uma característica particular e dinâmica, identificada com  os conhecimentos científicos existentes. Por outro lado, o conceito dogmático de que o aumento concomitante da prevalência da doença periodontal destrutiva em relação a idade, chegando na faixa etária mais avançada , a afetar a maioria dos indivíduos e ,por isso,  considerada  na principal causa da perda de dentes nesses indivíduos adultos. Essas observações, amplamente decantadas como dogma, foram baseadas em estudos cruzados de populações com importantes diferenças de idade e condições sistêmicas, cujos dados forneceram uma visão  estática, distorcida,  eliminada dentro da concepção do processo saúde/doença periodontal (Papanou, 1996, Oppermann e Gomes, 1999. O processo saúde/doença periodontal é  um processo dinâmico reversível e sujeito a fatores de ordem local e geral onde uma série de fatores  podem estar envolvidos e interagindo com a evolução do processo periodontal.(Oppermann e Gomes,1999).

Estudos longitudinais de história natural da doença periodontal (Loe et al., 1986)  trouxeram uma mudança conceptual ao demonstrarem que apenas uma pequena parcela da população, em relação ao conceito anterior, concentra os maiores problemas periodontais. Além do mais, nos indivíduos  afetados por doença periodontal destrutiva severa, apenas sítios estão envolvidos, enquanto a maior parte da dentição permanece relativamente saudável. A doença periodontal não se comporta de maniera linear ao longo do tempo,nem tampouco acomete a população de forma semelhante para todo os indivíduos(Lindhe et al., 1983;  Loe et al., 1986;Okamoto et al., 1988). Na verdade esses estudos epidemiológicos vem conferir observações clínicas até então não sustentadas cientificamente. É constatação comum na clínica o exame de pacientes com grande quantidade de fatores locais, negligentes com a higiene bucal e não apresentam alterações periodontais significativas. Bem assim, pacientes com  índices razoáveis de higiene bucal, embora não ideal, porém, com destruição periodontal severa não  condizente com a quantidade de fatores presentes.

            A periodontia tem procurado estabelecer mecanismos de diagnóstico e  prognóstico eficazes, mas sob um ponto de vista populacional, os dados referentes aos fatores determinantes do comportamento da destruição periodontal em  um grupo determinado ainda não são suficientemente claros.

Certos grupos populacionais na Ásia (Loe et al., 1986) e na África (Baelum,1988) apesar de não exercerem higiene bucal  e desassistidos de atenção odontológica, não apresentaram casos graves  para todos os indivíduos. Em países desenvolvidos, (Brown et al., 1989, Hoover e Tynana, 1986, Oliver et al., 1989, Pilot et al., 1986) acentua-se uma queda da importância da doença periodontal como fator de perda de dentes, talvez pelo elevado grau de conscientização e auto-cuidados com a saúde bucal destes grupos.

             Embora conscientes do papel da placa bacteriana considerada primordial na etiologia das alterações periodontais, essa não esgota todas as explicações sobre a etiologia, patogênese e tratamento das doenças periodontais, mormente levando-se em conta os fatores relacionados ao hospedeiro.

            O conceito atual da etiologia multifatorial das doenças periodontais inclui o hospedeiro como componente fundamental. Dessa forma, a manifestação da doença ocorreria quando fosse rompido o equilíbrio entre agressão microbiana e a resposta do hospedeiro. Assim, tanto a agressão microbiana, traduzida por maior acúmulo de placa ou a maior quantidade de microrganismos periodontopatógenos, quanto a diminuição das defesas do hospedeiro, em decorrência de doenças debilitantes, uso de fumo, estresse, determinados medicamentos, provocariam desequilíbrio, resultando clinicamente numa das formas de doença periodontal.

Dentro dessa linha de pensamento, pode-se admitir, segundo Toledo, 1999, que todo tipo de alteração capaz de modificar o equilíbrio bio-fisiológico do hospedeiro, pode também modificar a etiologia, extensão, curso e resposta ao tratamento das doenças periodontais. É portanto, considerado um processo dinâmico e multifatorial.

            Embora conscientes de que existem provas indubitáveis  do papel da placa bacteriana na indução e progressão da doença periodontal, estes fatores ilustram que a placa bacteriana considerada primordial na etiologia das alterações periodontais, não esgota todas as explicações sobre a etiologia, patogênese e tratamento das doenças periodontais, mormente levando-se em conta os fatores relacionados ao hospedeiro.

            De acordo com Baelum,1998, o comportamento da doença periodontal parece estar interagindo com  uma série outros  fatores, considerados de risco,ainda não claramente determinados, identificados como:

¨ fatores sócio-demográficos:idade,sexo, renda, classe sócio-econômica;

¨ fatores psicológicos e ambientais: atitudes com relação à boca e dentes necessidade social e profissional, medo, ansiedade;

¨ fatores comportamentais: tabagismo, qualidade da higiene bucal;

¨ fatores intrínsecos bucais: qualidade da microbiana subgengival, saliva:

¨ fatores sistêmicos ou de ordem médica: medicamentos, doenças em geral;

¨ fatores relacionados às defesas do hospedeiro:hereditariedade, imunonógicos.

 

 

Como controlar a gengivite

 

A gengivite e a periodontite são problemas universais. A Organização Mundial da Saúde  infirma que:

¨ Aos 19 anos de idade, dois terços da população mundial apresenta sinais de doença gengival.

¨ Esta cifra eleva-se para 90%, por volta dos 40 anos.

¨ Objetivos primordiais para o ano 2000 foram estabelecidos como:

- redução de 50% no número de pessoas com perdas dentárias na faixa etária

inferior a 40 anos.

- Redução de 25% de pessoas com mais de 65 anos que sofrem com o edentulismo.

- A formação da placa  bacteriana pode levas à gengivite e à periodontite, mas a boa nova é que a gengivite é reversível. A manutenção da saúde gengival deve ser incrementada em função do controle de:

                         - formação da placa,

                         - sangramento gengival espontâneo, com sonda exploradora,

                         - perda nas estruturas de suporte dentário.

 

           

 

 

Gengivite 

A gengivite, a mais comum das doenças periodontais,ocorre largamente na maioria dos povos, afetando tanto a população jovem como a população adulta, conquanto houver acúmulo suficiente de placa bacteriana dental na margem e/ou nível dento-gengival. Trata-se de um estado incompatível com a boa saúde bucal, podendo atingir níveis mais graves como a periodontite. Nesta,

as consequências podem atingir proporções mais graves, a medida em que as estruturas de suporte são afetadas; Entretanto, o quadro de saúde é restaurado com tratamento bem-sucedido e prática de higiene bucal adequada.

            A Sequência de eventos de uma gengiva clinicamente sadia até a gengivite foi determinada por inúmeros estudos epidemiológicos e clínicos. Embora a transição de gengivite para periodontite, em humanos não esteja claramente determinada, estudos em animais têm comprovado essa transição, quando suprimida a adequada higiene bucal por meses ou anos (Lindhe et al., 1973).

            O controle da placa como fator primordial para promoção ou manutenção da saúde periodontal  e estudos longitudinais suportam a importância do controle de placa como medida de higiene caseira. Neste sentido os trabalhos sobre história natural da doença periodontal de Loe et al, 1986,quandocompararam as condições bucais de duas populações distintas de habitantes da Noruega e de Sri Lanka (antigo Ceilão), consideradas extremamente diferentes quanto a padrões culturais, geográficas, sócio-econômicas e aos cuidados de atenção à saúde em geral. O universo da amostra foi de 565 Noruegueses e 480 de Sri Lanka, todos do sexo masculino e com idade entre 15 a 40 anos.

Avaliações longitudinais foram realizadas levando-se em conta IG, IP,IC,

,PI, avaliação de cárie e restaurações. Concluíram que a doença periodontal sem tratamento, se manifestou progressiva para ambos os grupos e com velocidade de perda de inserção diferente para cada faixa etária.

            Está bem documentado na literatura a importância da higiene bucal como fator  preponderante na manutenção da saúde bucal e geral do indivíduo. Para ilustrar, veja-se o estudo longitudinal de Axelsson e Lindhe (1991) sobre Prevenção de Cárie e Doença  Periodontal em adultos,conduzido durante 15 anos.  317 pacientes, participantes do estudo, foram acompanhados durante 15 anos, período esse em que verificaram baixa incidência de cárie e quase nenhuma perda adicional de suporte periodontal. Atribuíram o sucesso ao incremento nos auto-cuidados de higiene bucal, uso diário de flúor, de limpeza profissional regular como medidas efetiva que levaram a prevenir a recorrência de doenças dentais. Outro estudo semelhante, com a participação de Lindhe e Nyman (1984)  propuseram a avaliar durante 14 anos, a eficácia de um programa de manutenção bem conduzido em pacientes tratados de doença periodontal extremamente avançada.  Após a fase ativa da doença que incluiu:instrução  detalhada sobre  auto-controle de placa, raspagem supra e subgengival, eliminação cirúrgica de bolsas profundas, os pacientes foram subseqüentemente incluídos em um programa de manutenção periódica preventiva e reforço nos auto-cuidados caseiros. Os resultados de exames clínicos  das condições periodontais após 14 anos demonstraram que o tratamento de formas avançadas de doença periodontal resultaram em condições periodontais saudáveis e que aquele estado de "saúde periodontal" pôde ser mantido na maioria dos pacientes e na maioria dos  respectivos sítios ao longo dos 14 anos de estudo. Ficou também evidenciado que o tratamento e manutenção demonstrou-se efetivo tanto em pacientes jovens quanto em adultos..    

            Razões para prevenir e tratar a doença periodontal. Por que é importante ter bons dentes e gengiva saudáveis?

- convívio social;

- infecção;

- direito à saúde;

- relação com a saúde sistêmica.  Prevenção também significa auto-diagnóstico. Estimular o paciente a que faça auto-diagnóstico. CD deve  estar inserido na prática de promoção de saúde. Equipe de saúde é a única maneira de trabalhar em saúde coletiva. A odontologia que é boa para o paciente da clínica privada é exatamente a mesma que é boa para o paciente em saúde coletiva.

            Apesar da natureza disseminada da gengivite cujos percentuais pode atingir 90% em algumas populações, somente uma minoria poderá progredir para periodontite leve e desta, poucos indivíduos irão alcançar as formas mais destrutivas da doença. Pelos conhecimentos atuais que se têm, não existe previsão confiável de quais indivíduos sãos mais ou menos susceptíveis à progressão da doença. Por isso mesmo, prevenção e controle da gengivite são essenciais em todos os casos.

            Embora a placa bacteriana  seja considerada como fator primário essencial, outros fatores de risco estão associados às diferentes formas da doença. Os fatores de risco induzidos por medicamentos e hormônios podem modificar uma gengivite existente. A forma mais comum de gengivite é a gengivite associada à placa, onde um acúmulo de  produtos bacterianos atuam fortemente sobre a gengiva marginal  resultando em vermelhidão, edema, inchaço, inflamação, sangramento e dor. A remoção da placa irá proporcionar a

reversão da inflamação gengival para um estado de saúde. Todavia, o curso ideal de ação não é apenas confiar no tratamento curativo, mas ser ativo na prevenção do acúmulo de nova placa com potencial de levar à gengivite.

            Prevenção:  A adequada higiene bucal é  a meta absoluta para se promover e manter em saúde. Para isso, a primeira medida diz respeito a escovação com uma escova de cerdas macias e de pontas arredondadas  para remover  a placa das superfícies vestibulares  e linguais e da utilização de dispositivos especiais de limpeza interdental como, fio/fita dental, escovas interdentais etc. A remoção da placa através de meios mecânicos deve ser feita pelo paciente diariamente de forma efetiva, estando assim incluído com procedimentos de auto-controle diário.È imperioso  que o indivíduo perceba o

quanto é bom ter os dentes limpos)Chiapinotto, et al, 1998).. Áreas de retenção de placa como bordas de restaurações inadequadas, próteses iatrogênicas, etc. necessitam ser minimizadas.  Em alguns casos especiais em que a tática mecânica de controle de placa não é suficiente, por várias razões, recomenda-se  o emprego de meios químicos em associação ao controle mecânico.

            A orientação/educação do paciente quanto aos cuidados de higiene bucal,uma vez ao dia, deve ser entendido como um  processo cumulativo e dinâmico no qual a repetição torna possível a mudnça de atitudes e permitir a incorporação de hábitos diários relativos a auto-cuidados com a própria saúde. Neste sentido, a empatia, o louvor, o elogio, o incentivo dado a medida em que vai assimilando e entendendo a importância da sua participação no processo de prevenção e controle de doenças bucais parece exercer efeitos altamente positivo. São estratégias que podem ser aplicadas de forma tanto individual como coletivamente. (ver descrição acima). Em nível individual, ressalte-se a importância do binômio paciente/profissional, cuja orientação dada diretamente ao paciente, como recurso de motivação,  resulta em benefícios altamente compensadores quando a assimilação e mudança de comportamento e/ou atitudes  do paciente em relação às doenças bucais.

 

           

 

Controle mecânico da placa bacteriana

 

 

 

            Um  dos aspectos mais difíceis na Odontologia é fazer o paciente mudar seus hábitos de higiene bucal Importância de controlar placa: é o agente etiológico da doença periodontal e cárie dental.

            O controle de placa é feito porque ela é uma das medidas em que conseguimos atuar em saúde bucal. O controle mecânico de placa supragengival depende do binômio profissional/paciente

            Em relação à cárie - para que ela ocorra há a interação de quatro fatores (microrganismo, dieta, hospedeiro e tempo). Por melhor que seja o controle mecânico, ele não consegue atingir os sulcos e fissuras que são bem mais estreitos que as cerdas de uma escova, não elimina o agente etiológico.

Escovação pura e simples não previne cárie dental. Para cárie o controle da placa é importante como veículo de levar flúor aos dentes.

            Na cárie radicular o controle de placa supragengival é importante porque a raiz é mais "frágil" à desmineralização por ácidos da placa.

            Para a gengivite a simples remoção mecânica da placa, mesmo sem dentifrício  é considerada efetiva. Quanto ao número de vezes que o paciente deve  "escovar os dentes", sabe-se que ao menos uma vez ao dia este controle

tem que ser bem feito para evitar a gengivite.

Estratégia de atuação do profissional: educação, motivação, instrução de remoçäo placa profissional , remoção de fatores retentivos de placa (criar condições facilitem a remoção de placa ) , avaliação da higiene bucal do paciente.

A questão é criar uma responsabilidade conjunta Paciente/Profissional. Muitas vezes  a falha é do profissional de não achar o "canal" de motivação do paciente. O profissional tem culpa se o paciente não escova os dentes. O controle mecânico da placa é a "chave da saúde" dos tecidos periodontais.

A severidade da doença periodontal do paciente é que determina a freqüência/intervalo das consultas de manutenção. Em Periodontia nem tudo é placa, mas a única forma de intervir na doença é através da placa.

 

Educação: a instrução de higiene bucal é um processo de educação (demanda várias sessões, é gradual, deve ser renovada a cada sessão).

Motivação: é fator determinante na obtenção, manutenção da saúde e deve ser mantida num alto grau e renovada a cada sesão. Pacientes altamente motivados obterão bons resultados no aprendizado de controle de placa. Demonstrar ao paciente áreas saudáveis e doentes, identificando a causa para que o paciente possa entender, para que tenha uma idéia de etiopatogenia da doença (mostrar áreas onde a sonda penetra mais e onde não penetra, áreas com mobilidade dental, etc.)

 

Instrução: é o ato propriamente dito, é um processo contínuo de sedimentação do aprendizado o que  deve ser restrito a cada sessão para corrigir possíveis falhas. A instrução de higiene bucal pode ser realizada de diferentes formas, porém a demonstração ao paciente na sua própria boca é o método mais eficaz. A instrução de higiene bucal não funciona se não for individualizada e repetida. (ressaltar Boca Saúde individual).

        Paciência e repetição são o segredo da instrução da higiene bucal. Não sobrecarregar o paciente de informações, sem que as mesmas sejam assimiladas por ele.

        Aspectos do ensino-aprendizado da instrução de higiene bucal:

-Afetivos - conseguir empatia entre paciente e profissional. Como "chegar no paciente.

-Cognitivos  - fazer com que o paciente entenda o porquê do controle de placa.

-Psicomotores  - treinamento prático.

       O reforço positivo da instrução/motivação de higiene bucal é muito importante. Mesmo que a higiene bucal não esteja o desejado, o reforço tem que ser positivo.

 

            Recursos técnicos disponíveis para higiene bucal:

 

- Evidenciadores de placa e corantes

- Escova dental

- Fio e fita dental

- Alça ou passador de fio (não é prático)

- Escova uni ou bitufo

- Escova interdental

- Palitos

 

 

Evidenciadores - Num primeiro momento exercem alto poder motivacional. Cora até mesmo mínima quantidade de placa. Pode dar um superdiagnóstico ou superestimar a quantidade de placa e acabar desmotivando o paciente que muitas vezes fica por 20 minutos realizando a higiene bucal.

 

Escova interproximal  - meio auxiliar na higienização de espaços interproximais e furcações. Pela sua área de contato e facilidade de uso é o meio mais eficaz de limpeza interproximal . O resultado da escova interdental é melhor que o uso do fio/fita dental pela sua maior facilidade de uso. Ela deve ser sempre maior que o espaço interproximal. Como medida de promoção de saúde, todas as próteses devem ter  espaço para a escova interdental.

 

Fio/Fita dental  -  requer habilidade, deve ser esticado,  deve atingir a área intra-sulcular, deve abraçar cada um dos dentes. O fio não deve esgaçar, se isso ocorrer, verificar presença de possíveis fatores retentivos de placa como,cálculo, cáries, restaurações mal adaptadas, etc.

 

Alça ou passador de fio -  utilizado em próteses, aparelhos ortodônticos, vem em desuso. Outros dispositivos são mais eficazes.

 

Escova unitufo - utilizada com maior propriedade para retoque da  higiene para áreas onde não se consegue higienizar com outros dispositivos; áreas onde a escova convencional não chega; pacientes com náusea; regiões de furca; recessões gengivais  localizadas.

 

Escova elétrica - utilizada em movimento vibratório horizontal; vertical, semi-rotatório e combinação de movimentos. Se for bem posicionada funciona igual às escovas convencionais. Porém são de alto custo, avaliar custo/benefício.

 

Palitos - não devem ser roliços;  recomendados na forma triangular; madeira ou plástico.

 

Dentifrício - abrasivos; veículo de agentes terapêuticos como flúor, controladores de placa (triclosan, clorexidine, lauril sulfato de sódio).

 

Escova dental - características:  cerdas de nylon, cabeça pequena, multitufada, cerdas com pontas arredondadas, cabo anatômico, cerdas de macias  ou estra-macias, cabeça compatível com a boca do paciente, cerdas regulares.  O que confere maior maciez é o  maior comprimento das cerdas.

     A escovação representa o  principal método universalmente aceito para prevenção das periodontopatias e um dos meios mais utilizados e comprovadamente eficaz como coadjuvante do tratamento e manutenção da saúde gengival. Sem dúvida, o principal componente da escovação é a escova. A combinação da escova com  os dentifrícios se somam na remoção da placa bacteriana durante  o procedimento. Além do mais, as substâncias aromatizadas dos dentifrícios torna aprazível a escovação, deixando uma sensação agradável na boca. Existe no mercado uma variedade de cremes dentais, mas deve-se sempre dar preferência aos dentifrícios fluoretados. No Brasil, a situação em termos de dentifrícios fluoretados, felizmente, tem progredido de forma surpreendente . Embora existem muitas técnicas de escovação (Bass, Charters, Stillman, Fonnes, Esfregação...) na verdade  a técnica não é o essencial, o importante é que o paciente consiga remover placa bacteriana com maior eficácia e menor traumatismo  "técnica da boca limpa". Não usar a técnica  em que a escova é deslizada da gengiva para o dente, pois não limpa o sulco gengival.  Para limpeza do sulco gengival (Bass)  a escova é colocada com as cerdas formando ângulo de aproximadamente 45° com o dente e dirigida para o sulco genvival. Como ato  contínuo, realiza-se movimentos circulares vibratórios, com leve pressão, repetindo-se algumas vezes essa operação. A escovação é realizada por grupos de dentes, seguindo-se a uma Sequência lógica. Dividindo as boca por grupos de dentes, efetuar um número suficiente de movimentos, para se obter o resultado esperado. Acredita-se que 10 a 15 movimentos por grupo de dentes são suficientes e o tempo dispendido para higienização da boca fica em trono de 3 a 8 minutos, conforme a habilidade e destreza individual.

        Estudos mostram que esta técnica apresenta melhor eficiência na higienização do colo dental e sulco gengival. Por isso há a tendência para adotá-la com técnica de eleição para a escovação.

       Como esta técnica preconiza a higienização direta do sulco gengival, é necessário o uso de uma escova com cerdas estra-macias e de pontas arredondadas, para evitar a dilaceração do epitélio sulcular. Pelo lado palatino e lingual, a posição da escova pode sofrer  alguma modificação, não se colocando a escova horizontalmente em relação ao plano oclusal, mas verticalmente a este.

         Tradicionalmente é aceito a escovação após  o café da manhã, almoço e  à noite, antes de deitar. Na verdade, o importante não é o número de vezes que se escova, mas a  meticulosidade e a qualidade da escovação na busca dos seus objetivos precípuos.

 

        Do ponto de vista científico, a higiene bucal realizada em intervalos de 48 horas é compatível com a saúde gengival. No entanto e até mesmo como imperativo social, recomenda-se a escovação após as principais refeições e uma vez ao dia, o uso de  dispositivos especiais de limpeza interdental (fio/fita dental, escovinha...)


 

 

Referências bibliográficas:

1. Axelsson, P. et al., On the prevention of caries and periodontal disease.

Results of a 15-years longitudinal study in adults. J. Clin. Periodontol.,

18:182-189, 199l.

2. Baelum, V. et al., Periodontal disease in adults Kenyans. J. Clin

Periodotol. 15:445-452, 1988.

3. Brown, L. et al., Periodontal disease in the US in 198l:prevalence,

severity, extent, and role in tooth stality.J. Periodontol.60,363-370,1989.

4. Chiapinotto, G.ª et al., Meios mecânicos de limpeza dos dentes.

Ver.Gaúcha de Odontologia, 43-142-144,1998.

5. Genco, R.J. Placa dental microbiana. In: Genco, R.J. et al., Periodontia

Contemporânea, São Paulo, Santos,p.126-134, 1996.

6. Lindhe, J. et al., Progression of periodontal disease in adults subjects

in the absence on periodontal therapy. J. Clin. Periodontol, l0:433-442, 1983.

7. Lindhe, J. e Nyman, S. Long-term maintenance of patients treated for

advanced periodontal disease. J. Clin. Periodontol. 11:504-514, 1984.

8. Loe H. et al., Natural history of periodontal disease in man. J. Clin.

Periodontol. 13:431-445, 1986.

9. Okamoto, H. et al., Methodos as evaluating periodontal disease in

epidemiological research. J. Clin. Periodontol. 15:430-439, 1988.

10. Oliver, R.C. et al., Na estimate of periodontal treatment needs in the

US bases on epidemiologic data. J. Periodontol. 60:37l-380, 1989.

11. OMS, manual, 1986.

12. Oppermann,R.V. e Gomes, S.C.  Periodontia em Saúde Pública, In:

Atualização em Periodontia e Implantodontia/Urbino Turnes(coordenador) São

Paulo, Artes Médicas,p.19-28, 1999.

13. Papanou, P.N. Periodontal diseases: Epidemiology. In: Annals of

Periodontology,1:1-37, 1996.

14. Pilot, T. et al. Periodontal conditions in adults, 35-44 years of age,

na averview of CPITN dato in the WHO global oral data bank. Community Dent.

Oral Epidem. 14:3l0-312, 1986.

15. Toledo, B.E.C. et al., Influência das condições sistêmicas sobre as

doenças periodontais. In:Atualização em Periodontia e Implantodontia.Urbino

Turnes(coordenador),São Paulo Artes Médicas,p.30-59,1999.

           

 

  

 

 

CPITN - Índice Comunitário Periodontal de Necessidades de Tratamento

 

 

O CPITN foi inicialmente concebido pela OMS, no final da década de 70 e posteriormente, adotado pela  Federação Odontológica Internacional, para estabelecer uma padronização internacional de métodos de levantamento epidemiológico das doenças periodontais e por conseguinte, possibilitar a comparação de resultados obtidos em diversas regiões do mundo.

            O CPITN é um sistema simples, de fácil reproducibilidade, que de acordo com AINAMO, 1989, propiciou aumento substancialmente do conhecimento e compreensão da prevalência e distribuição das doenças periodontais tanto em nível populacional como individual.

            Para aplicação deste índice a boca é dividida em seis sextantes a saber:

                                  

                      18-------------14    13--------------23

24--------------2 8

-----------------------------------------------------------------

                         48-----------------44    43--------------33

34--------------38

 

            Um registro  apenas é feito para cada  um dos sextante levando-se em conta os  respectivos dentes índices Um sextante só deve ser examinado se tiver dois ou mais dentes presentes e não indicado para extração.    

 

                                             17-16  |  11   |   26-27

                                                       ------------------------

                                              47-46 |   31  |    36-37

 

            Nos levantamentos epidemiológicos de adultos, o códico numérico é marcado pelo valor mais elevado das necessidades de tratamento, observado após o exame dos 10 dentes índices. Apenas 6 anotações são feitas, uma para cada sextante. Os dois molares em cada sextante são comparados para registro e se um deles estiver faltando, não haverá substituição.

            O procedimento alternativo, também adequado para o exame minucioso de pacientes individuais, é basear o registro na pior condição encontrada em relação a qualquer dos 4-6 dentes correspondentes ao sextante.

           Como proceder ao exame - o exame clínico é feito com auxílio de uma sonda periodontal, projetada pela OMS. A sonda tem uma ponta esférica de 0,5mm de diâmetro com uma faixa colorida demarcando a partir da ponta 3,5mm - 5,5mm.  A força empregada para sondagem deve corresponder a uma pressão de 20g (teste da unha). A extremidade ativa da sonda é gentilmente inserida no sulco/bolsa periodontal e a profundidade avaliada através da respectiva marcação constante na parte ativa da  sonda. O sulco gengival/bolsa deve ser explorado  em 6 sítios de cada dente a saber: por vestibular (proximal mesial, face livre, proximal distal);  por lingual (proximal mesial, face livre, proximal distal). O registro é feito por sextante, registrando-se o código  representativo  que expressa o grau mais alto de severidade.

 

 

Códigos do CPITN:

 

0 - nenhum sinal de doença.

1 - sangramento gengival após sondagem leve.

2 - cálculo supra ou subgengival ( área  demarcada da sonda é totalmente visível)

3 - bolsa de 4 a 5mm (área demarcada da sonda é parcialmente visível)

4 - bolsa de 6mm de profundidade ou mais (área demarcada  totalmente inserida na bolsa.

 

 

Conversão dos códigos para  necessidades de tratamento:

 

0 - nenhum tratamento.

1 - incrementar os auto-cuidados com a higiene bucal.

2 - incrementar os auto-cuidados com a higiene bucal + RAP.

3 - incrementar os auto-cuidados com a higiene bucal + RAP.

4 - incrementar os auto-cuidados com a higiene bucal, + RAP + trat. complexo.     (rasub, cirurgias, especialista).

 

 

 

 

 

 


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